sexta-feira, 13 de abril de 2012

Tarso responde a Coimbra na lata!

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Quem leu a (argh!) Zero Hora de hoje, viu a barbaridade do texto publicado na página 2, de autoria do "jornalista" David Coimbra. O sujeito faz, despudoradamente e em espaço destinado aos editoriais do tablóide, a apologia à privatização do sistema prisional. Isso após o "jornalista" Lasier Martins ter feito um comentário infeliz na edição de ontem do Jornal do Almoço, também da RBS, opinando que o tráfico nos presídios "até amansa um pouco os detentos, viciados e traficantes". É, caro leitor, ele estava opinando sim, e em espaço de concessão pública. Isso me deixa... Depois tem gente que ainda é contra o Conselho de Comunicação.

Bom. Voltando ao Coimbra: quem estava angustiado, fulo ou entristecido desde as primeiras horas da manhã, aguardando a reação do Piratini ao texto do suposto jornalista, já pode se tranquilizar. O Executivo não iria mesmo silenciar diante de tamanho abuso do quarto poder. O RS Urgente, blog do jornalista Marco Weissheimer, entrevistou o governador Tarso Genro sobre a situação do presídio central. Isso, entrevistou, coisa que jornalista de verdade faz. Aí vai, na íntegra, pros viciados em cafezinho:


RS Urgente - Governador, qual a reação do senhor ao ver o estado atual do Presídio Central?

Tarso Genro - Acho que todos os gaúchos estão envergonhados com a situação do Presídio Central. Mas eu, particularmente, sinto-me, além de envergonhado, contente por estar orientando o governo, desde o início da gestão, para incidir fortemente sobre aquela vergonha nacional. Comecei este trabalho na época em que era ministro da Justiça, quando passei vultosos recursos para a reforma do presídio Anibal Bruno, de Pernambuco, que era tão vergonhoso como o Presídio Central. Não consegui mandar recursos para o Rio Grande do Sul porque, naquela época, as autoridades locais não preencheram os requisitos necessários para receber o dinheiro, por razões técnicas ou políticas que desconheço.

RSU - Na edição de Zero Hora desta sexta-feira, o colunista David Coimbra pergunta se o senhor “não tem vergonha” da situação. Qual a sua resposta a essa indagação?

TG - Convido o jornalista que escreveu o isento artigo a ter vergonha comigo. Mais vergonha, talvez, porque, afinal, os dois governos que nos precederam foram eleitos com o apoio ostensivo das editorias da rede de comunicação onde ele trabalha. Os últimos oito anos de total descaso com o Presídio Central é que resultaram esta situação dramática que, paulatinamente, vamos corrigir. Ou alguém pensa que drama do presídio é resultado dos últimos 15 meses? Portanto, em oito anos de governos que foram eleitos com o ostensivo apoio dos “formadores de opinião” do jornal ao qual o referido jornalista presta o seu serviço, pouco ou nada foi feito em relação ao Presídio Central.

É bom a gente socializar a vergonha, se não parece que a imprensa é uma estrutura de poder “neutra”, composta só por pessoas puras e dotadas de incrível senso de responsabilidade pública, que não tem nenhuma responsabilidade com o que ocorre na esfera da política e nas decisões de Estado. Eu gostei do artigo. Achei muito bom o texto. Mas como represento uma instituição -o Executivo Estadual- e um projeto político -da Unidade Popular Pelo Rio Grande- convido-o a refletir sobre a herança que recebemos, cuja construção não teve o nosso apoio nem a nossa cumplicidade política, para que todos nos envergonhemos. E para que passemos a trabalhar juntos para construir um novo Rio Grande.

RSU - Na sua avaliação, a privatização é uma solução para o problema dos presídios?

TG - Não vamos diminuir ou abdicar das nossas funções, como ocorrido em gestões anteriores. Esta é uma questão constitucional: a custódia dos detentos é responsabilidade do Estado. Qualquer empresa que entra em um negócio visa o lucro e o sistema prisional não serve para isso. Quero deixar claro que não somos contrários às PPPs. Pelo contrário, estamos encaminhando algumas. Mas elas não podem ser feitas no sistema prisional.

Em um passado recente, era de bom tom neoliberal reduzir as funções públicas do Estado, fazer promoções para demissões voluntárias, como ocorreu no governo Britto (referência para alguns como “modelo de gestão”), aplicar brutais arrochos salariais em todos os servidores, principalmente da Susepe, policiais civis e militares, terceirizar serviços e dar isenções fiscais concentradas exclusivamente em grandes empresas, deixando a base produtiva histórica do estado a ver navios. E mais, ainda restam 50 mil ações da Lei Britto para pagar, presente herdado por todos os governos que sucederam o governador Britto, ponto culminante da arrogância neoliberal no nosso estado.

Entrevista publicada agora à tarde no blog RS Urgente.

8 comentários:

Centro Histórico Porto Alegre disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
claudio CALMO disse...

Esta claro o lado politico da PRBS. Mas pergunto com meus "botões" qual é a do Governador Tarso Genro ao direcionar 80% das verbas públicas de publicidade para estes mesmos monopólios golpistas? A tal isonomia na distribuição das verbas de publicidade do governo estadual virou letra morta no programa do então candidato Tarso Genro? Em 2014 a PRBS tem como candidata a senadora-funcionária....até quando vai se alimentar os cães raivosos e golpista da mídia?

Zeza disse...

Claudio, sei que você está advogando em causa própria. Se quisesse fazer uma discussão séria sobre esse assunto, não a faria de forma tão agressiva e desconstrutiva. Vá destilar sua dor-de-cotovelo em outro blog. Não aqui. Aqui, quem manda sou eu.

Bill Nervous disse...

Em que planeta vive esse Claudio Calmo? Só falta ele querer 80% das verbas publicitárias para o Jornal do Centro...

Wilsoleaks Alves disse...

Gostei Dona Zeza!
Sou fãzaço do Tarso Genro e de vocês todos gaúchos e gaúchas.
Parabéns pelo blog, de quando em vez vou entrar aqui pra tomar um cafezinho, uma aspirina e, claro, também lavar umas roupinhas.

Fernanda disse...

Olá Zeza, Cheguei! rsrsrsrsr

Moro aqui no sudeste SP. quase não ouço falar dos governos do Sul, com exceção do PR.
SC e RS mesmo com a internet, quase não vejo noticias,sei as coisas pelo blog Cloaca News.
Na época do governo do PSDB, governadora Yeda, se sabia mais por causa dos escandalos, as denúncias.

Eu conheci Tarso Genro como ministro da eduação/justiça. eu gosto dele, acho uma pessoa sensata,calma, firme.

Estava lendo o comentário do Claudio, uma coisa me chama á atenção sobre publicidade. P.explo: O governo do PT na época do Lula pagava horrores p/ a Globo, não passava um dia que eles não falavam mal do Lula,do governo e dos petistas.
Os maiores clientes da mídia são os governos, estaduais,municipais e federal e, eles apanham dessa mesma mídia. Muito estranho, né?

Requião qdo era governador cortou toda a verba da Veja.

Wilsoleaks Alves disse...

Oi Fernanda!
Tudo bem companheirinha?
Concordo contigo, em parte, Fernanda. Na verdade a Globo age como pit bull feroz apenas com governos progressistas, quando se trata de governos conservadores a empresa dos Marinho parece um gatinho fofinho.

Remindo disse...

Editorial de Zero Hora desmente Mensalão
O jornal, na edição desta sexta-feira, agora fala em caixa 2
Em seu editorial de hoje, sobre o escândalo midiático do mensalão, finalmente a Zero Hora descarta a acusação de Roberto Jefferson que iniciou o processo em 2005. Este mesmo veículo sustentou por 7 anos, em reportagens e notas de seus colunistas, esta mesma versão. Conclui-se que o editorialista leu a peça acusatória e nela não encontrou nada que sustentasse a acusação original. Neste mesmo editorial, desclassifica a acusação para caixa 2, que são os recursos não contabilizados pelo partido, neste caso nas eleições municipais de 2004, amplamente divulgado pelo próprio Partido dos Trabalhadores em 2005, e ignorados por este mesmo veículo. Estes recursos não contabilizados se referem a empréstimos feitos pelo PT para cumprir compromissos da campanha municipal de 2004 em todo o Brasil, com seus candidatos e partidos coligados. Note-se que todas estas transferências foram feitas dentro da lei e que na justiça eleitoral as contas desta campanha foram sancionadas pelo STE.